Andar pelas bordas
       
     
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Bugio - 2021
       
     
Panegyric - 2022
       
     
Panegyric - 2022  - DETAIL
       
     
Panegyric - DETAIL
       
     
Andar pelas bordas
       
     
Andar pelas bordas

Para o Telmo

O verbo “bordar” carrega consigo múltiplos significados. Muitas vezes identificada, erroneamente, como uma prática apenas feminina, a atividade variou bastante ao longo da história, sendo executada tanto por mulheres como por homens: bordados serviram para decorar residências, cobrir os tetos das casas, vestir crianças e adultos, anotar a passagem do tempo, criar cortinas que vedam o público do privado, tecer cobertas e, assim, agasalhar e proteger as pessoas das intempéries do tempo. Funcionaram, também, como atos eminentemente coletivos e políticos, inserindo-se nas bandeiras e nas faixas de grupos insurgentes, mas também como parte de manifestações de auto-orgulho organizadas por grupos de identidade. Nesse sentido, foram desenvolvidas nas “bordas” do sistema.

De uma maneira ou de outra, essa foi sempre uma atividade de “cuidado”; consigo mesmo, com os familiares, com a comunidade. Todavia, por conta de sua associação estereotipada ao universo feminino, essa arte acabou naturalizada dentro da hierarquia presente no cânone ocidental, sendo entendida como um gênero menor e vinculada ao espaço da domesticidade. Afinal, pensados nesses termos, os bordados não passariam de ornamentos e, sendo assim, secundários.

Andar pelas bordas questiona essa tradição para, assim, subvertê-la e, ao mesmo tempo, tratar de ressignificar essa arte. Em diálogo com outras mostras que abordaram o tema, a exposição apresenta o trabalho potente de 47 mulheres artistas, e que, emprestando as palavras de Cecília Meirelles, encontram-se “unidas como um fio de pano”. Aqui, “unimos” mulheres de diferentes gerações, raças sociais, regiões e momentos na carreira, todas atravessadas pela técnica do bordado, que produz, com sua beleza e força, novas realidades.

A intenção é explorar a riqueza e a diversidade de expressões do bordado, fazendo uma homenagem às mulheres artistas, tantas vezes excluídas das histórias da arte ocidentais. Nestes tempos tão sem tempo, dizem que é preciso levar a vida como um bordado. Bordando a vida.

Lilia Moritz Schwarcz | Curadora

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Bugio - 2021
       
     
Bugio - 2021

[Howler monkey - 2021]

Peça única (51 x 51 cm), linha de algodão mercerizado bordada sobre guardanapo de linho.

Single piece (51 x 51 cm), mercerized cotton thread embroidered on linen napkin .

“Trabalho sobre a morte dos Bugios na Serra da Cantareira com o mapa bordado de 11/2/2021.”

“Work about the death of the Howler monkeys at Serra da Cantareira with an embroidered map of 11/2/2021.”

© Copyright ANA AMORIM

Panegyric - 2022
       
     
Panegyric - 2022

[Panegírico - 2022]

Peça única (approx. 13,0 x 9,5 cm, cada), 16 peças, caneta gel branca sobre linho azul.

Single work (approx. 13.0 x 9.5 cm, each), 16 pieces, white gel pen on blue linen.

“Rotina de 16 dias esperando por notícias de um amigo doente”.

“16 day routine waiting for news from a sick friend.”

Picture: Ana Pigosso

© Copyright ANA AMORIM

Panegyric - 2022  - DETAIL
       
     
Panegyric - 2022 - DETAIL

[Panegírico - 2022]

Peça única (approx. 13,0 x 9,5 cm, cada), 16 peças, caneta gel branca sobre linho azul.

Single work (approx. 13.0 x 9.5 cm, each), 16 pieces, white gel pen on blue linen.

“Rotina de 16 dias esperando por notícias de um amigo doente”.

“16 day routine waiting for news from a sick friend.”

Picture: Ana Pigosso

© Copyright ANA AMORIM

Panegyric - DETAIL
       
     
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